terça-feira, 22 de julho de 2014

Nono capítulo: Desaparecimento.

     O dia estava triste. O Sol estava envergonhado, escondendo-se atrás de chorosas nuvens. Rothen andava sozinho em busca de ervas para um chá. Colhia pequenas folhas recém crescidas com bastante cuidado e as colocava em uma sacola de pano. Mas sua concentração foi quebrada com o som de um grande estrondo. Assustou-se na hora e deu um pulo pra trás. Houve uma rajada de vento pelas folhas. Rapidamente, foi andando apressado até a origem do vento. Ficou parado entre as árvores por um tempo, observando o movimento. Uma mulher veio voando do nada e caiu na grama, rolando até parar de bruços. Parecia que estava desacordada e machucada. Seu corpo tinha algumas marcas de queimaduras. Preocupado, Rothen aproximou-se da mulher lentamente. Virou seu corpo e a olhou. Era pálida como uma nuvem e tinha cabelos corais como o fogo, eram ondulados como as ondas. Ele olhou a seu redor e não havia ninguém. Tomou a mulher em seus braços, começou a carregá-la jogada em seu ombro e adentrou na floresta. Também pegou suas ervas. Sua casa ficava próxima dali. Era uma espécie de casa diferente. Havia uma torre com uma passarela para uma casa na árvore. Na torre havia uma escada que subia para a passarela e abaixo do chão ficho tinha uma especie de gruta subterrânea, escondida com uma porta falsa no chão. Um tapete peludo escondia a porta falsa. 

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      Marven gemia de dor. A curandeira cuidava de seu machucado com cuidado enquanto ele gritava. Ela limpava o sangue e prendia com uma nova barragem. 
          Talvez teria sido melhor morrer do que sentir toda essa dor.
          Majestade... Sabe que você não pode morrer, há não ser que lhe atinjam no seu ponto mais fraco.
          Como está o ferimento?
          A flecha infecionou um pouco. Mas com as ervas que passei em breve ficará bom. E quanto ao pulso... Mande fazer um bracelete de ouro para cobrir as barragens e depois o usará para esconder o corte.
          Ainda bem que sou canhoto. Senão nunca mais poderia empunhar minha espada. 
          O senhor vai ficar bem. Mas poderia ter se machucado seriamente.
       Alguém bateu na porta e Marven ordenou para entrar. Walian entrou no quarto com um tipo de carta na mão.
          Como está, Marven?
          Imortal.
       Walian deu uma risada e aproximou-se. Marven o encarou.
          É ótimo que esteja de bom humor, já que não trago das noticias que você gosta de ouvir.
          Na verdade, ainda estou raivoso. Posso ter perdido a luta e a minha mão mas, Horward perdeu algo muito mais valioso. Aquela tal de comandante dele deve está morta em algum lugar. Fiquei decepcionado de não tê-lá encontrado. Já deve ter sido devorada a muito tempo. Horward ainda deve estar a procurando, puro desperdício de tempo. Mas que noticias trás a mim, velho amigo?
       

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      Já se passava do meio-dia. O Sol ardia nos céus ainda nublados. Horward estava sentado em seu trono, deprimido. Suspirava olhando para a janela. Passou os três últimos dias nesta forma, tirando rápidos cochilos. Um de seus homens entrou na sala do trono e se dirigiu até ele. A sala do trono estava escura, com as janelas tampadas por pesadas cortinas negras. As paredes eram de um tom cinza escuro. O chão era de pedras marrons. Havia duas escadarias nas laterais no mesmo tom do chão. Havia um palco onde estava o trono de Marven. Aos lados duas cadeiras luxuosas. Uma de Hefrix e a outra seria de Brenys. Acima do trono, tinha-se um vidral triangular. Preso no vidral uma bandeira cinza com uma chama negra no centro. O teto era desenhado e tinha um grande lustre de cristais negros. Ao lado do palco, duas grandes colunas estavam presentes, eram lisas e seu topo era triangular nos quatro lados, bem desenhado. O trono era de prata com o estofado preto. E atrás do trono tinha-se uma enorme estatua de um corvo de asas abertas. No tapete reto e comprido na frente do trono, estava o homem, ajoelhado diante Horward.
         Alguma novidade?
         Nenhuma, senhor. Perdoe-me. Ainda não a encontramos.
         Tudo bem, eu entendo    Horward ficou impaciente. 
      O homem se retirou e entrou um serviçal.
         Licença, senhor.
         Entre.
      O serviçal entrou, vez uma reverência e lhe entregou uma carta. Horward abriu e começou a ler furioso.
         Mande chamar Hefrix. Avise-a para se arrumar. Uma reunião foi convocada por Eryell. Vá imediatamente.
      O serviçal se foi e Horward gritou um dos homens de sua tropa. O homem veio com rapidez e se ajoelhou até Horward.
         Meu senhor, aqui estou.
         Tenho algumas ordens à tropa. Quero que continuem procurando por Hawklight em todo redor do território. Eu e Hefrix iremos nos ausentar por alguns dias. Quero ser obedecido. Por mais que já procuraram, não vou encerrar até achá-la. Não aceitarei qualquer tipo de contradição. Eu sou o rei e devem ser fiéis as minhas ordens. 
         Sabemos disso, meu senhor. Temos nossa total fidelidade à você e à comandante. Nós mesmos não descansaremos até encontrá-la. A cidade também a venera. Todos tem grande respeito e admiração por ela. Hawklight é muito forte. Tenho certeza que deve estar perambulando por algum lugar. Em breve a entraremos, majestade. 
         Tenho-lhe sua palavra?
         Sempre terá, majestade.


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         Lyne, em breve partirei. Fique aqui no castelo e espere por Gyles. Meus servos a obedeceram e a ajudaram em tudo possível. 
         Minha visão está cada vez mais embaçada, minha amiga.
         Fique calma. Em breve retornarei e serei novamente seus olhos temporários. Vou esclarecer tudo o que eles têm nos escondido, amiga. Farei justiça por ti. Quando eu voltar, lhe contarei tudo. Espere por mim.
         Aguardarei por ti, Eryell. Volte logo, minha grande amiga. Estarei contigo através da justiça. A justiça nunca falhará. 
         Nunca, Lyne, nunca falhará. Vou partir para o Templo Moonlight. Deseja-me toda a coragem necessária para conhecer a verdade. Dependendo do acontecido na reunião, poderá mudar todo o rumo. Uma grande luta pode-se cravar. Mas espero que tudo dê certo até o fim. Farei o possível por isso.
         Não se esqueça, a Lua sempre ajuda os desabrigados. Ela lhe dará sua coragem. A Lua é justa e pura. A Lua é Lua e sempre será Lua. Assim como no conto.

 
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     Brenys espreguiçou-se, bocejou e esfregou os olhos antes de abrir-los. Sentia dores no corpo e algumas ardências. Quando abriu os olhos, não reconheceu o lugar. Se viu deitada em uma cama que jamais deitará. Levantou num pulo mas, caiu sentada de volta na cama devido a tontura. Olhou ao redor e observou o local. Sua espada e seu chicote estavam em uma cabeceira próxima a cama. De olhos ainda cerrados, ela se levantou devagar e lentamente começou a andar. Pegou sua espada em suas mãos e foi até a porta, segurando-a com suas duas mãos. Abriu a porta e viu um homem na frente de uma lareira tomando algo em uma xícara branca. Silenciosamente, andou até ele. Ele deu uma risada.
        Finalmente acordou, moça.
        Quem é você? 
        Me chamo Rothen. E você não precisa apontar essa espada pra mim.
        Como vou saber que é confiável? 
        Acho que é só você dar uma olhada nos seus ferimentos que estão quase curados, não acha?
        Porque cuidou de mim?
        Eu a encontrei na floresta. Desmaiada e sozinha. Toda ferida. Preocupei-me com você.
        E se eu fosse má?
        Ainda bem que você não é. Me poupou de uma futura culpa. Como se chama?
        Brenys. Brenys Hawklight.
        Interessante. Gostaria de beber algo?
     Rothen apontou para uma poltrona. Brenys abaixou a espada e a colocou em sua cintura, depois sentou-se. Ele a serviu com chá.
        Por quanto tempo estou aqui?
        Você está a três dias desacordada.
        TRÊS DIAS?    Brenys cuspiu um pouco do chá que tomava    Horward deve estar me procurando!
        Acalme-se, você ainda não se recuperou. E porque um deus negro a procuraria?
        Sou a comandante da tropa dele. 
        Então você é a famosa guerreira do fogo. É bom conhece-lá.
        Tenho que retornar pro Subterrâneo.
        Você irá depois que ficar bem. E não adianta fugir.
        Porque não quer que eu vá embora?
        Sou muito solitário. E bastante protetor com as pessoas. Até as que não conheço.
        Poderia voltar comigo para o Subterrâneo.
        Engraçado.
        O que é engraçado, Rothen?
        Você não chama a cidade de casa ou lar.
        Lá não é meu lar. Nem minha casa.
        Então porque deve retornar? Você é feliz lá, Brenys?
     Brenys o encarou e lembrou das palavras de Gyles ao partir. Pela primeira vez duvidou se devia realmente voltar. Aquele seria seu lugar de verdade?  Será que valeria a pena passar por cima de seus conceitos novamente para agir de forma errada? Rezou baixo por alguma resposta. Mas a única coisa que veio a sua cabeça foi: A Lua. Ela brilhava de fundo na janela, nas profundidades do céu. Ela parecia a chamar. Ela a convidava. Ela a atraia. E Brenys correspondia como se fossem uma.

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